quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Diretório Central dos Estudantes ou Liga Independente dos Estudantes? - O vil jogo da UNITAU contra os estudantes!

Os estudantes da UNITAU estão novamente se deparam em um embate uns contra os outros, entre o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UNITAU e a Liga Independente dos Estudantes (ex-Movimento Estudantil da UNITAU) que era ligado a CONLUTE em um passado recente. Os dois movimentos que nos últimos meses acirram suas posições contra a Reitoria da UNITAU de Maria Junqueira, porém agora comentem os mesmos erros ao instalar núcleos burocráticos para pensar movimentos e ao tomar posições sem antes consultar suas bases, e promovendo o enfrentamento gratuito uns contra os outros, prejudicando a unidade do movimento estudantil e fazendo o macabro jogo da direção da UNITAU.

Nesta última segunda-feira o Diretório Acadêmico de Geografia foi surpreendido com a notícia da manifestação estudantil de membros do D.A. de Serviço Social iriam mobilizar estudantes na terça-feira para protestar em frente ao Diretório Central de Estudantes, cobrando posições favoráveis a Federalização da universidade e outras posições tiradas da reunião da cúpula da Liga Independente dos Estudantes. Ao receber esta notícia o D. A. de Geografia convocou uma reunião de sua diretoria e conversou com a direção do C. A. de Ciências Sociais e Letras, tirando posições demasiadamente parecidas a respeito da passeata.

O D.A. de Geografia analisou que era necessário tirar uma posição muito além das cúpulas dos movimentos, algo que deveria passar pela apreciação da classe estudantil, por meio de fóruns e uma política atuante de conscientização da massa, não impedimos de forma alguma a participação da classe estudantil em relação ao movimento, por este mesmo motivo divulgando nossa posição contrária a manifestação enquanto modelo de direção e de organização, porém ressaltamos o apoio incondicional às propostas por este movimento apresentadas, com excessão da questão da "Federalização", que mereceria um debate aprofundado sobre a forma de aplicação e quanto as questões trabalhistas envolvidas nesta temática.

A Geografia apresenta a ressalva também ao modo de enfrentamento do problema das mensalidades, que caberia um apoio do própria DCE para um movimento maior e de massas para paralizar a UNITAU como um todo, fazendo tremer reitoria da universidade, porém o embate como foi travado leva somente a depreciação de nosso movimento quando estudantes se enfrentam, defendendo posições cada vez mais radicais, não com o objetivo sério de se construir a libertação à esquerda do processo burguês, mas mostrando estar mais a esquerda de uma posição realmente construtiva, caracterizando um esquerdismo reacionário a qualquer possibilidade.

Ano passado vimos o quanto fora insosso, e que não levou a uma organização de fato das massas, e neste contexto deveriamos considerar como "proibido" de cometer o mesmo erro, em que estudantes que estão nesta linha de fogo sejam vítimas de erros, onde ao que me parece serve ao propósito pessoal de meia pataca de líderes (ou pretendentes), que querem crescer às custas de uma classe oprimida pelo poder do capital da universidade e pela incoerência e vácuo de um movimento sem líderes. A única saída que a direção de nosso curso vê a questão colocada é a reconciliação dos movimentos do DCE e da LIE, além da chamada de fóruns para estudantes e Diretórios Acadêmicos e de Centros Acadêmicos, para uma construção verdadeira de esquerda e pluralista, caso contrário não terá apelo e nem ao menos base para promover mudanças significativas neste contexto.

Escolher entre DCE e LIE, pode ser uma péssima resposta a este vil jogo colocado pela UNITAU, o melhor como já dito é a União, pois sem esta não haverá espaço para destituir o poder hegemônico do capital que se instalou na nossa universidade.

Um comentário:

Vinicius Cesca disse...

Caro Bruno,

Me ponho a comentar algumas de suas considerações. Antes de tudo, peço que elas sejam entendidas como comentários e não como ataques ou defesas, pois acho que num debate saudável não cabem nem uma nem outra posição.

Antes de tudo, acho que vale dizer sobre o que foi chamado de LIE, que no panfleto tinha um nome um pouco diferente, mas acho até que Liga Independente dos Estudantes soa melhor. Enfim. Enquanto um dos coordenadores de uma das entidades que assina o pnafleto, compondo a Liga e chamando à manifestação, me considero na propriedade de dizer que esta idéia de organização não é uma simples renomeação do que outrora se denominava Movimento Estudantil Independente na Unitau. Há quem quer que seja assim, há quem aposta em algo mais amplo. É um espaço por sua própria natureza plural demais para ser categorizado aqui ou ali. O mesmo erro, por exemplo, ao afirmar que o movimento independente era ligado à Conlute. Havia setores que eram favoráveis, enquanto outros eram radicalmente contrários e outros se abstinham, não podendo ser dito que o Movimento em si era ligado.
O mesmo se dá agora. Acho que o principal desta concepção de espaço de organização é considerar que somos "células" autônomas e independentes, em relação à administração da Unitau, ao DCE e entre nós. Não somos massificados ou unânimes. Mas nos unimos em torno de questões que nos são comuns. E digo, em nome do D.A. da Psicologia, que havendo pauta comum e planos de ação comum não nos fechamos a qualquer forma de ação conjunta e de parceria, seja com as entidades independentes, seja com o DCE, seja com quem for.

Me incomoda, sobremaneira, este discurso de unicidade. E pra mim é aderir a este discurso que significa fazer o jogo da administração universitária. Afinal, este é o discurso que ela usa. O de se fazer necessário se unir em torno de um "bem comum", quando não há qualquer discussão de que bem seria esse e quando não se respeita o direito das minorias de abstenção desse suposto bem e de se eximir de uma posição majoritária. Afinal, não é porque uma maioria delibera por algo, e está no seu direito ao assim fazer, que a minoria deva se curvar diante da maioria e seja decepada de seu direito de assumir sua posição minoritária. O discurso e a práxis majoritários não se legitimam per si e não desqualificam ou deslegitimam o discurso e a práxis minoritários.

Aqui no D.A. da Psicologia, encaramos assim: somos uma entidade que tem seu único compromisso com a organização e atividade política dos estudantes de Psicologia. Encontramos pontos em comum com outros movimentos autônomos e a ele nos unimos em torno destes pontos comuns. Assim como nos dispomos à ação conjunta com o DCE ou outros espaços de organização política caso encontremos estes pontos comuns. E vale dizer que estas posições que defendemos não são resultado de reuniões de cúpula, portanto, não generalize uma realidade que não conhece.

Por que uma Liga Independente? Pra marcar uma possibilidade histórica, de uma outra forma de organização, para lembrar a quem quer que ouça que não precisamos de um Diretório Central. Que um Diretório é uma construção histórica e social e que não precisa ser defendida a qualquer custo enquanto máquina burocrática. Não se trata, portanto, de uma escolha entre DCE e LIE, mas da construção de uma outra territorialidade política, de um outro espaço de se fazer política. Nada mais triste do que quando um movimento de estudantes, que carrega em si tanto potencial de mudança se rende às instituições e valores pequeno-burgueses: representação, liderança, entidades, diretorias, etc. e se perde em jogos de disputa/manutenção de poder. E deste jogo, nós aqui nos abstemos, pois não nos interessa. Por isso abdicamos de ser oposição de esquerda dentro do DCE, pois não temos interesse em disputar cargos ou poder dentro da entidade enquanto podemos construir outro espaço para canalizar esta energia que clama por transformação. "A revolução não se dará pelas urnas", não é? ENTIDADE NÃO É SINÔNIMO DE MOVIMENTO E NOSSO COMPROMISSO É COM MOVIMENTO.

Concordo plenamente contigo que fóruns e discussão na base são necessários. Este é nosso compromisso e nossa prática diária. E nos empenhamos para a proliferação deste outro modo de fazer política, que infelizmente, sabemos todos, não é o mais comum por estas terrinhas. Nossos espaços de organização estudantil são por demais cristalizados para se dar a este luxo, resultado de um longo processo histórico de desmobilização e burocratização destes espaços.

Enfim, fica a provocação contra a unicidade e a favor do mais pleno exercício da diversidade. Aonde que que isto vá nos levar...

Abração,

Vinicius Cesca,
Coordenador Político
D.A. Psi. Pura/Mente